quinta-feira, julho 07, 2005

Sem defender o indefensavel...

O Sr. Smith e Sra. Elizabeth, duas das vítimas dos ataques de hoje à capital inglesa, são baixas confirmadas num crescente rol de vítimas inocentes daquilo a que alguém chamou "o Mundo do novo século". São vítimas. Tão inocentes com os civis iraquianos que todos os dias morrem às dezenas sob o fogo das armas de comandos paramilitares financiados pelos governos de blair e de bush (recuso-me a chamar-lhes Srs., quanto mais a colocar o nome deles em caixa alta!). Tão inocentes como Yasser Salaihi, médico e tradutor iraquiano morto por um atirador furtivo norte-americano a 24 de Junho passado. Ou tão inocentes como as dezenas de jornalista sérvios mortos por tropas britânicas durante o conflito do Kosovo e que blair tão brilhantemente legitimou. Tão inocentes como as vítimas que resultaram do ilegal bombardeamento que os ingleses fizeram (sem o aval da ONU) a instalações civis da antiga Jugoslávia - embora blair, duas semanas antes, num inflamado discurso nas Nações Unidas, tenha antecipado a acção: "We will carry on pounding day after day after day, until our objectives are secured". Tão inocentes como os milhares de curdos mortos às mãos do exército Turco, que blair sempre financiou e aprovou. Inocentes como os habitantes de Timor Leste que, durante anos, e sempre com a complacência de blair e amigos, sofreu o que sofreu às mãos do "amigo" Suharto. Ou tão inocentes com os milhares de palestinianos que todos os dias são o alvo preferêncial do "parceiro" Israel (com quem, só no último ano, o Reino Unido teve negócios no valor de 2,5 biliões de libras!). Tão inocentes com os cerca de 20 mil afegãos mortos indirectamente (por falta de assistência médica, fome, frio, etc) pelos exército de balir e bush em resposta aos ataques de 11 de Setembro (que, recorde-se, fizeram 2.986 mortos!). Há, no entanto, uma diferença. É que ao contrários de todas as outras vítimas inocentes, o Sr. Smith e Sra, Elizabeth, moravam no chamado "primeiro mundo". Aquele que dá nas notícias. Aquele em que, quando alguém morre porque um qualquer louco mete uma bomba num autocarro, tem direito a abertura de telejornais!

7 Comments:

At 12:32 da manhã, Anonymous Anónimo said...

...de acordo no essencial MAS, no Metro e nos Bus de Londres não andam os que mandam matar no Iraque !

 
At 10:37 da manhã, Blogger Sumares said...

Jc

Não andam os que mandam matar mas o que é certo é que o blair foi reeleito...

 
At 10:51 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Pá, não sei se estás a reparar, mas estás a pôr mortos em pratos de balança.

 
At 11:38 da manhã, Blogger miguel said...

@ jc

Não, os que morrem no metro e no bus não são os mesmo que mandam matar no iraque. Por isso são todos inocentes. Só que uns parecem valer mais que os outros. Morar no Reino Unido é obrigatoriamente diferente de morar na Serra Leoa. Morerr não deveria ser.

@ asterisco

Sim, claro que estou. A pôr todos na mesma balança. No prato dos inocentes.

 
At 2:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Concluo portanto que defendes o terrorismo?

 
At 2:42 da tarde, Blogger miguel said...

@ anonymous

Concluis mal.

 
At 1:32 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Terror(ismo) é igual em Londres ou na Serra Leoa. O que diferencia é o efeito da Comunicação nos condumidores globais; todos os dias morrem inocentes e se não forem noticiados esses crimes é como se não tivessem existido.
O caso do acidente com o submarino russo que as autoridades russas pretenderam abafar vai neste sentido, ié: não passou na CNN ? - não existiu !
Outro exemplo tem que ver com o papel das autoridades/policia inglesas nos atentados de Londres do dia 7/07: ao não darem oportunidade que as TV´s/jornais filmassem "o sangue e a carne assada" de inocentes , DESVALORIZARAM a acção mediática dos terroriatas. Podem mostrar o Bus destruido mas não se deixaram cair no esterismo dos americanos ou na desorganização dos espanhóis em Atocha.

 

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