quarta-feira, abril 20, 2005

Sobre o Tratado da Nova Constituição Europeia

Movida pela angústia da ignorância, pela curiosidade do possível "Não" francês, mas com pouca paciência, naveguei por aí na ânsia de saber mais sobre a Nova Constituição Europeia. E foi assim que esbarrei com um texto chamado " A Constituição Europeia explicada às escolas".Título sugestivo para uma calona interessada.

Este texto, que a seguir vos proponho a leitura, foi escrito por João António Cavaco Medeiros (Economista e Professor Português do Ensino Secundário).

Sobre o tratado da Nova Constituição Europeia:
Antidemocrática – O seu processo de elaboração por uma convenção de “notáveis” já diz tudo sobre a sua pretença democracia. É feita por cima das cabeças dos povos europeus e só pode ser assim porque é feita contra os seus interesses.
A Constituição eliminou qualquer referência aos povos da Europa, o que significa que estes não podem esperar dela qualquer reconhecimento do seu direito de autodeterminação. Aprova as medidas repressivas que os Estados apliquem contra essa aspiração dos povos.
Neoliberal – Os bem conhecidos laços entre os grupos de pressão das multinacionais e as instituições europeias dão lugar a grandes escândalos periódicos. Trata-se de uma verdadeira osmose, com o pessoal dirigente a passar continuamente das funções oficiais para as privadas e vice-versa.
A Constituição não faz qualquer referência ao Acordo Geral para o Comércio de Serviços, proposto pela OMC e aceite pela UE, o que significa que aceita o princípio de que nenhum Estado membro pode opôr-se à privatização dos serviços públicos.
Antiproletária – Aquilo a que se chama a “Carta dos Direitos Fundamentais” limita-se a harmonizar pelo mínimo os direitos actualmente reconhecidos, aliás precários ou inexistentes em muitos países do Leste. As multinacionais afiam o dente para os novos aderentes que virão fazer pressão sobre os salários, aumentar a concorrência entre assalariados, ajudar a eliminar regalias conquistadas. O “direito ao emprego” é substituído polo “direito a trabalhar”.
Xenófoba – Ao abrir a porta ao estabelecimento de uma categoria inferior à da cidadania plena para os “residentes de longa duração não comunitários”, a Constituição cria cidadãos de primeira e de segunda classe. Consagra a Europa fortaleza face a uma imigração que ela mesma provoca.
Patriarcal – Os direitos das mulheres, em particular o direito à contracepção e ao aborto, assim como os plenos direitos para as uniões de facto, não são reconhecidos.
Imperialista – A Constituição consagra o “respeito pelas obrigações derivadas da participação na NATO”, prevê que a França e a Alemanha desenvolvam uma força conjunta, “no quadro da União”, adopta a doutrina militar dos “ataques preventivos”, legitima a ocupação do Iraque e do Afeganistão e defende o monopólio das armas de destruição massiva nas mãos das grandes potências e dos seus aliados fiéis, como Israel.
Devemos reclamar que tenha lugar o referendo, a fim de mostrar a toda a população a necessidade de uma rejeição maciça desta Europa reaccionária, inimiga dos trabalhadores e dos povos.

Querem agora dar a vossa opinião? Sim ou não?

2 Comments:

At 11:22 da manhã, Blogger miguel said...

Esta "constituição" (entre aspas e em mínusculas, claro) é uma farsa que nem os próprios franceses parecem querer aceitar, mesmo sabendo que o seu país seria um dos grandes beneficiados. Sou contra.

 
At 1:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Fico contente por ver que desenvolveste a consciência de classe. Isto não é uma constituição, mas a legitimação de um "modos operandi" que se tem vindo a consagrar nesta Europa que cada vez mais se quer afirmar como "alternativa" imperialista do Tio Sam...

 

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