quarta-feira, março 30, 2005

“Million Dollar Baby” ou Nunca Mais Aprendo A Não Ver Filmes Que Ganhem Óscares

O problema deste filme não é ser uma história triste. O problema deste filme é ser uma história literalmente de merda! Com todos os ingredientes óbvios, americanos, profundamente irritantes.Desculpem -me os que gostaram. Eu não sei se desculpo quem me convenceu a ir ver.

Um treinador frio e distante, que não treina mulheres e que é muito cauteloso. Uma rapariga determinada a ser pugilista, com força e coragem ( e pobre). Ele não quer treiná-la. Ela quer muito ( porque sim) e lá consegue.

Ela treina muito, muito, muito e passa a ganhar todos os torneios e, na luta pelo título, leva um soco de uma black má (e que não tinha ética) e cai de cabeça no banco onde se ia sentar para descansar ( a miúda estava de costas e o jogo parado). A desgraçada da Maggie fica presa a uma cama ( e até tem que cortar uma perna).O treinador (que não gostava da pupila no ínicio mas que agora gosta muito) desliga-lhe a máquina da respiração, a seu pedido, e aplica-lhe uma injecção letal. Isto tudo em pleno hospital. Mas ninguém viu. A seguir desaparece e vai viver para ao pé de um café resmengoso, perto da terra manhosa onde a pupila vivia na infância, e que tem as melhores tartes de limão.

Mas ainda há mais. Ainda há o ginásio do treinador com um black bom, com um black mau e com um branco que pesa 10 quilos mas que pensa que pode ganhar tudo ( porque é giro haver um maluquinho). O black bom ajuda o maluquinho. E é também amigo do treinador ( dá-lhe conselhos de uma maneira discreta, alerta-o para as cenas, etc). O black mau é mau para o branco maluquinho. Até ao dia em que o black bom (que ainda por cima é cego de um olho) dá uma tareia ao mau e tudo fica resolvido. Também há uma filha. Do treinador. Que não lhe fala e lhe devolve todas as cartas. E também há a família da pugilista Maggie. A família é má, a mãe é gorda e quer-lhe roubar a guita toda. E ainda por cima goza com a pobre miúda (que até lhe comprou uma casa). Também há um padre que dá conselhos ao treinador (que é religioso).

O treinador, que era uma pessoa culta, estudava irlandês. No dia da primeira luta importante da sua pupila comprou-lhe um traje de seda que dizia " Mo Cuishle". Ela ficou conhecida por esse nome mas nunca soube o que queria dizer (apesar de lhe perguntar muitas vezes). No momento de lhe desligar a máquina ele, finalmente, diz-lhe que "Mo cuishle" quer dizer "minha querida. Sangue do meu sangue". Ela chora, pela primeira vez, e morre.

No fim o black bom- Morgan Freeman parece ter nascido para estes papéis - o do ginásio, o narrador da história, o amigo do treinador (que até o tinha visto a desligar a máquina no hospital pois estava escondido atrás da porta) escreve à dita filha do treinador. Para ela saber quem era na realidade o seu pai.

O pior deste tipo de filmes é ainda ter que ouvir os comentários permanentes, os “ais” e “uis”, da fauna da sala de cinema.
Houve quem me aconselhasse a não ir. Que seria melhor ir ao bairro beber uma cerveja.

5 Comments:

At 12:28 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Se tens feito este comentário antes de eu ver o filme, garanto-te que ia a correr vê-lo ; é que é meu hábito ver os filmes em que os críticos dos nossos jornais dão zero estrelinhas (0-5)! e tu davas uma boa crítica de cinema !

 
At 3:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Dassssseeeee! 3 pretas no 41 valem bem mais do que esse filme!
O meu cepticismo agiganta-se perante a indústria cinematográfica norte-americana.

 
At 3:23 da tarde, Blogger Zé Gato said...

Million Dollar Baby é um filme fantástico. Está no top ten dos filmes que vi nos últimos 10 anos. (O problema de dizer isto é que se passa sempre por exagerado e nunca ninguém leva a sério - Há demasiados pudores em elogiar...).

Nunca ninguém me chamou "My darling, my blood..."

Para quando?

 
At 3:32 da tarde, Blogger Zé Gato said...

E essa crítica não foi ácida.

Foi de quem gostou. A acidez é de estilo.

 
At 1:01 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Uma rapariga de classe média(a puxar para o pobre...)engravida com 16 anos, claro está, o gajo é um drogado irresponsável sem pais, ela é inteligente e lutadora, embora rebelde pk os pais são muito controladores e conservadores...têm o filho, casam, ha...ele até é músico numa banda e ela abandona os seus sonhos do teatro e da escrita por causa do filho e...tem uma vida de merda a trabalhar numa fábrica e no café da esquina...o amor deles é similar ao de romeu e julieta, irracional, imaturo, digno dum filme hollywoodesco, mas acaba com violência doméstica, traição e droga..depois de muito sufoco e muita luta, ela finalmente consegue vencer na vida e recupera o tempo perdido...conhece o príncipe encantado, faz a faculdade, faz teatro, canta, dá aulas...fantástica míuda!!! cliche, básico, previsível,fácil...mas real! Esta é a minha história sem palavras bonitas(não quero cair no drama fácil...)demasiado Americana?mereço um oscar? Desculpem lá...
a subtileza também pode ser bastante pretenciosa e a ausência de drama ou violência "gratuita" como lhe chamam frequentemente os senhores entendidos em histórias fictícias, também...é como ter medo de admitir que aquela música ate mexe conosco porque não é cool,não é freak, não é...o quê???
A técnica e a originalidade é importante...mas o k é mais difícil e louvável, do que fazer rir ou chorar, ou pensar...Sente por ti mesma e desaprende tudo o k viste e ouviste...qualquer dia dizemos "foda-se tinha k morrer num dia de chuva só pra ser mais triste..."

 

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