quarta-feira, setembro 20, 2006

O português e o seu carro

Já é um dado adquirido. Se é para fazer estatísticas e encontrar o bêbado ou o “acidentado” da Europa já todos sabemos que vai pingar para nós, o bode expiatório por excelência. Já nem a Grécia nos vale...

Mas todos esses estudos estatísticos têm um problema. Que é a análise dos resultados ser meramente uma análise quantitativa dos dados. E não recorrerem também aos métodos qualitativos. Se o fizessem, facilmente chegariam à conclusão que nós podemos ser aqueles que bebemos mais litros de bebidas alcóolicas. Mas porque somos pobres e bebemos cerveja e vinhaça. Enquanto que o resto da Europa se encharca de Vodka, whisky, gins e outras bebidas mil vezes mais fortes, mas que são ingeridas em menor quantidade. Ninguém vai beber 3 litros de vodka por noite. Mas cerveja é fácil. E pronto, ficamos sempre entalados.

O indíce de sinistralidade é ainda uma acusação mais grave. Agora já não é só ser bêbado. Apesar de uma coisa levar à outra. Agora fala-se de pessoas que morrem e o índice de acidentes e de mortes na estrada em Portugal é realmente, escabrosamente, elevado. Claro que a culpa são das estradas, dos fracos recursos, da má sinalização, e tudo o resto que nos poderá excluir à culpa. Mas está mais que provado, está à vista de todos, que o português é do mais anti-cívico que anda aí. E porquê? E aqui é que deveriam entrar as análises qualitativas, Os sociológos e os antropólogos da vida. Portugal é considerado hoje, o país da Europa com maiores discrepâncias sociais e económicas. Mais um estudo, mais uma boa posição. Mas esse facto poderá ser o cerne da questão. Na estrada, somos finalmente todos iguais! Eu com o meu clio branco de mercadorias posso passar primeiro do que o Audi A4. Eu venho pela direita eu é que mando! Na estrada não há sôtores, nem senhores engenheiros. Há cabrão, porco e filho da puta! Na estrada não há “pica-ponto”, há buzina, há mãos e pés para bater nos capots dos outros! Todo o nosso “Eu” pode finalmente ser exteriorizado. A nossa raiva de assalariado, a angústia fabril, a merda do T2, as férias na Caparica! O homem pode ser cavalheiro (ou ter achado que a gaja tem um granda par de mamas) e dar prioridade a uma mulher, apesar de estar a sair do parque estacionamento. Podemos também identificarmo-nos uns com os outros e apesar de teres entrado à leão, não vou apitar porque tens um Peugeot igual ao meu. O galanço nos semáforos, a pintura de lábios no retrovisor, a desencravanço de pêlos com a pinça nas filas de trânsito. Enfim, um rol de atitudes, de actos que nos definem. Que mostram quem afinal somos. Já a Ambrósia, a vocalista dos Shivaree. me disse quando entrámos no meu carro: “ agora a conduzires é que vou ver quem realmente és. Com o português faço assim”. Que bom que avisaste miúda!

3 Comments:

At 6:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas podes ser ministra , andar a 220Km/h, seres apanhado pela policia e ninguem te multar!

 
At 1:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

porque não meteste a ambrósia ao volante?
Gostava de saber o tipo de condutora que tu serias ao fazer isso.

 
At 11:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

a culpa É e não a culpa são.

 

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